Pais Dr. Gabriel Andrade - Dona Laura e Dr, Donato AndradeA fazenda Calciolândia, localizada no oeste de Minas Gerais, de propriedade de Gabriel e Vera Andrade, é hoje uma das mais conhecidas fazendas do Brasil, pois tornou-se referência tanto na criação e seleção do gado Gir Leiteiro como do cavalo Mangalarga Marchador, além de trabalhar com outras atividades agropecuárias.

    Localizada em uma região de terras férteis, na cabeceira do rio São Francisco, a fazenda pertence a família Andrade desde 1912, há quase 100 anos,durante os quais, em sua grande maioria, explorou-se a criação e seleção de gado para produção de leite e o cavalo Mangalarga Marchador, sendo um dos berços da famosa marcha picada, através da linhagem Passa Tempo, criada por seu bisavô, Francisco Teodoro Andrade.

    A criação e seleção do Gir leiteiro, hoje referência internacional, também já conta com uma história de quase 50 anos, somente dentro da fazenda Calciolândia.

    A história da fazenda teve início com o patriarca, Dr. Donato de Andrade, pai de Gabriel, um homem com visão à frente do seu tempo e que mesmo tendo se formado em direito, mostrou grande vocação para as atividades agropecuárias, indo aos Estados Unidos, ainda no início do século passado, buscar conhecimentos sobre as ciências agrárias. Ao voltar escolheu a região da mata de Pains, rica em calcário para adquirir sua propriedade, a fazenda São Miguel.

    Em meados do século passado os filhos, dentre eles Gabriel, foram assumindo os negócios e montaram uma indústria - das primeiras fábricas de leite em pó da América do Sul - trazendo grande desenvolvimento para região.

    No início da década de 1960, Gabriel já então como proprietário de uma das glebas da fazenda, que passou a se chamar Calciolândia, aquela que viria a se tornar a mais conhecida, iniciou a criação do gado Gir, vindo a adquirir, com ajuda do amigo João Feliciano Ribeiro, animais da já antiga seleção do tenente Continentino Jacinto, em Franca-SP. Desde esta época, Vera Andrade já estava a seu lado e cuidava com esmero da seleção do Mangalarga Marchador.

    Também na Calciolândia, em 1970, Gabriel iniciou a criação do Nelore, a partir do qual realizou a seleção em duas linhagens distintas e de sucesso, uma para corte, hoje bastante consagrada, através da Colonial Agropecuária (www.colonialagropecuaria.com.br), que reúne um conjunto de fazendas na região do semi-árido norte mineiro e outra para produção de leite, única no país, com controle leiteiro e avaliação genética. A linhagem corte teve, desde o início, objetivos de seleção para eficiência reprodutiva, precocidade reprodutiva e de acabamento. Atualmente integra o programa de melhoramento genético “Nelore Brasil” através da ANCP, conduzido pelo professor Raysildo Barbosa Lobo. O Nelore COL, como ficou conhecido e conta hoje com 14 touros nas principais centrais de inseminação artificial, os quais já venderam nos últimos 10 anos, mais de 720 mil doses de sêmen. Já a linhagem do Nelore para ordenha reuniu um plantel de mais de 200 matrizes, das quais pelo menos 100 apresentaram médias de produção acima de 2.000 kg por lactação, com algumas matrizes expoentes acima de 4.000 kg e uma recordista com mais de 5.000 kg - a vaca Terapia da Col e Maravilha Col que produziu ainda 32,0 kg/dia no torneio leiteiro de 1.998 na ExpoZebu.

    A Calciolândia ainda desenvolve, desde o ano de 1.991, um trabalho de seleção e produção de matrizes F1, com envolvimento da Colonial, devido à grande escala com que passou a ser produzido. Este trabalho reúne praticamente todas as linhas de seleção da Calciolândia e envolve cruzamentos, a partir de vacas Nelore da linhagem leiteira, com touros Guzerá leiteiros. As matrizes geradas deste cruzamento são acasaladas depois, com os melhores touros Gir provados da Calciolândia, para gerar um produto que finalmente será cruzado com Holandês. Ao produto final denominamos F1 Calciolândia, que na verdade é um híbrido de quatro raças.

    O grande destaque e símbolo da Calciolândia é sem dúvida o Gir leiteiro. A história do Gir leiteiro na Calciolândia como foi dito, tem início no raiar da década de 60, quando Gabriel Andrade adquiriu em Franca, do tenente Continentino Jacinto, animais oriundos de uma seleção que já fazia controle leiteiro desde o início da década de 50. Dentre estes animais destacaram-se: As matrizes Roxona (recordista nacional em 1.965, com produção de 4.771 kg), Bela Vista, Camurça, Jarra, Platina, Salina e outras. Todas da família Bombaim, além do próprio touro.

    A criação e seleção deste gado sempre se baseou, prioritariamente, na identificação e multiplicação de animais que reunissem em seu genótipo as chaves para maiores e mais econômicas produções de leite à pasto. Para tanto, sempre se fez o controle leiteiro oficial das produções de todas as matrizes. Porém, embora a quantidade produzida de leite sempre tenha sido o maior balizador, nunca se descuidou da eficiência reprodutiva e nem se abriu mão da expressão fenotípica das características padrões da raça.Reunião para início do Controle Leiteiro do Zebu no Brasil

    Em 1963 foram realizados movimentos de criadores para implantação de controle leiteiro oficial. O primeiro deles aconteceu na fazenda Calciolândia, onde estiveram presentes, dentre outros: Francisco Barreto, Alírio Jordão de Abreu, Jair Vieira, José Maria do Couto Sampaio, Lúcio Costa, Hugo Prata, João Carlos Pedreira de Freitas, Roberto e Gabriel Andrade.

    Em meados da década de 70, Gabriel Andrade e outros criadores pioneiros, com apoio do Dr. Fernando Madalena, tentaram viabilizar um teste de progênie de touros para a raça mas não obtiveram sucesso. Por volta de 1980, conscientes de que o progresso da seleção do Gir para leite só aconteceria se fosse percorrido um caminho diferenciado e próprio, novamente alguns criadores pioneiros, entre os quais Gabriel Andrade, Rubens Perez, os irmãos Manuel e José João Salgado dos Reis, Antonio Lúcio Costa, lutaram pela criação de uma associação que os representasse e trabalhasse por seus interesses. Assim nasceu em 17/09/1980 a ABCGIL (www.girleiteiro.org.br).

    Outro acontecimento relevante para o progresso do Gir leiteiro Calciolândia, foram as primeiras transferências de embriões, realizadas na fazenda, de forma pioneira e quase empírica, a partir do ano de 1.983.

    O sonhado teste de progênie de touros só veio a ser viabilizado em 1.985, através do esforço particular do saudoso Dr. Mário Luis Martinez e novamente com apoio dos mesmos e abnegados criadores pioneiros. Nesta conquista muito se deveu aos trabalhos e apoio da Fundação Laura Andrade, presidida por Gabriel Andrade. Os primeiros resultados do teste de progênie saíram em 1.993, oito anos após seu início e os animais da Calciolândia começaram a se destacar a partir do touro Uberaba, cuja história se tornou lendária.

    Em seguida veio o Bem Feitor, que foi líder no sumário do teste por quatro anos consecutivos, tendo comercializado até hoje, mais de 150 mil doses de sêmen, portanto um dos touros que mais influenciaram na formação do Gir leiteiro moderno.

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